- E eu comecei a recitar, a "Ave Maria", sem parar, no início, interiormente, em seguida, à meia-voz, sob extrema angústia. Minha filhinha colocada sobre a mesa, rígida, imóvel, "pregada". Então, meu espírito se transportou para o Crucifixo, enquanto eu pensava: "ela está pregada, como Jesus na Cruz..."
3:15h - O doutor me disse que estava na hora de preparar a roupa para vestir a filhinha. Eu me encontrava em tal estado de angústia que não conseguia articular nenhum som, a não ser as "Ave Marias", entrecortadas de trechos do "Pai Nosso" e invocações: "Salvem a minha filhinha!"
Mostrei à minha mãe onde se encontrava a roupinha da menina, agarrando-me às "Ave Marias", como única boia de salvação.
Foi, neste momento, que, em espírito, segui o caminho da Cruz, a Via Sacra (que havia me tocado muito, nas aulas de catecismo). Eu via Jesus flagelado, golpeado, caindo sobre o caminho pedregoso.
Meu pensamento estava tão concentrado que parecia estar a ouvir a voz de u´a mulher a chorar. E me perguntava: quem pode estar soluçando desta forma, a não ser u´a mãe, diante do filho a morrer? Revivendo em pensamento, naquele instante, a cena do Calvário, compreendi a dor de Maria, crucificada, junto a Seu Filho, mas aceitando aquele sofrimento, o de doá-Lo à morte, para a salvação do mundo. Eu não teria dado a minha filha para salvar uma vida sequer.
Compreendi, assim, que Maria chorava por mim, por minha filhinha, por todos nós, e que ela intercedia com a força de suas lágrimas. Então, esqueci o meu próprio sofrimento para dizer a Jesus: "Senhor, tem piedade da tua Mãe."
Santa Maria.
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