Será que o que nos deixa admirados, diante na vida de Catarina, a vidente da Rua du Bac, irmãzinha dos pobres e dos doentes, seriam as aparições, com seu prestígio e seus frutos? Não seria, talvez, por constatarmos o dedicado serviço que ela prestava aos pobres, "meus mestres" como os chamava, seguindo o exemplo de São Vicente de Paula? Ela soube ir até eles, empobrecendo-se a si mesma. Guardava suas roupas e pertences junto aos dos miseráveis: seus remendos diligentes, tratados com impecável limpeza, dizem os testemunhos... Ela não tinha qualquer complexo. Ousava falar de Deus àqueles a quem oferecia ajuda e socorro. Oferecer Deus e oferecer o pão, oferecer Nosso Senhor e dedicar a sua afeição àqueles que sofriam, eram atitudes que chegavam unidas, e que vinham de um mesmo coração. Como Bernadete, a jovem decepcionava aqueles que pretendiam uma vidente mais inclinada ao misticismo. O "misticismo" de Catarina era a simplicidade, segundo o Evangelho; era a transparência. Nela, em plena aurora do século XIX, o Espírito Santo começava a formar, para os novos tempos, um novo tipo de santidade, recolhido nas fontes do Evangelho: uma santidade sem sucesso nem triunfos humanos.
René Laurentin, Vida de Catarina Labouré
Santa Maria.
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